Talvez o título deste artigo nos remeta aos cenários e contextos organizacionais e corporativos, no entanto o perfil consultivo e seu modelo de atuação não estão relacionados exclusivamente ao ambiente profissional, pelo contrário está presente na nossa vida e atuação diária, especialmente quando percebemos a importância de adotar comportamentos mais maduros, que visam propiciar uma melhor convivência com o entorno.
O que é Perfil Consultivo?
Benefícios de ter um Perfil Consultivo
Ser consultivo é uma capacidade inerente a qualquer pessoa, entretanto nem todos a reconhecem ou praticam. Se partimos da premissa que capacidades fazem parte da natureza humana (nascemos com elas), devemos aceitar que podem ser expandidas e desenvolvidas. Sob este princípio, o perfil consultivo não é diferente.
Mas podem surgir as perguntas: Para que desenvolver esta capacidade? E porque praticá-la? Bom, podemos destacar vários motivos e diversas razões, começando pelos benefícios diretos na vida da própria pessoa que decide incorporar esta capacidade na sua rotina. Podemos apontar alguns exemplos, como:
- Reconhecimento desta capacidade na sua essência e a conscientização dos potenciais, até então ocultos;
- Exercício constante do esvaziamento dos julgamentos, críticas, preconceitos e recomendações prontas e pré-formatadas (que muitas vezes são tendenciosas e estão equivocadas);
- Desenvolvimento do interesse genuíno pelo outro, provendo “soluções” de maneira consultiva (projetando espelhos para estimular o processo de autoconhecimento alheio);
- Abertura da janela da vulnerabilidade, já que ser consultivo significa reaprender constantemente e saber lidar com o desconhecido: o não saber;
- Maior facilidade para interagir e se relacionar com os demais de maneira madura e imparcial, auxiliando em situações de conflitos;
Como consequência, estes benefícios reverberam no entorno, destacando os mais significativos e diretos:
- Facilidade de entender o outro, gerando e estabelecendo relações genuínas e de maior confiança;
- Formação de uma sociedade mais consciente, madura e integrada.
O Perfil Consultivo como capacidades sutis
É válido destacar que, para desenvolver e expandir o perfil consultivo, o pilar essencial é a constante promoção e prática do autoconhecimento.
Depois de explorarmos os benefícios e vantagens de desenvolver e expandir esta capacidade, parece oportuno compartilhar o significado da palavra “consultivo” para se apropriar da definição e ampliar o entendimento.
Segundo o dicionário português, a palavra “consultivo” apresenta as seguintes definições:
- Referente e relativo a consulta; consultório
- Cuja função é dar parecer, opinião, conselho, consulta. Que envolve parecer, instituído para dar pareceres.
Consultando a palavra em inglês, com a tradução para “advisory”, o significado descrito diz:
- Ter ou consistir no poder de fazer recomendações, mas não tomar medidas para aplicá-las.
Incorporando estas definições, podemos concluir que atuar de maneira consultiva implica em saber consultar e prover pareceres/recomendações, mas não necessariamente executá-las. Desta conclusão, nascem novas questões: Então, ser consultivo requer que haja uma consulta para entender a real situação e também prover um parecer e/ou recomendação, mas sem executá-las diretamente? Isto significa que, sendo consultivo, não faço parte da solução?
Isso mesmo, o perfil consultivo não é necessariamente o responsável pela execução direta da solução, entretanto é o facilitador do processo, permitindo que o outro encontre as suas próprias respostas e formas de executar as ações e soluções.
Desenvolvendo suas capacidades sutis para relações mais maduras
Para exemplificar na prática este modelo de atuação, selecionamos algumas situações cotidianas em que intervir de maneira consultiva poderia gerar bons resultados, no curto-médio e/ou longo prazo.
Não se espante se estas situações soarem familiares para você, pois são mera coincidência:
- Um amigo (a) que sempre se queixa e reclama da vida que leva, mas nunca toma as decisões e ações necessárias para mudá-la;
- Um casal que já perdeu o relacionamento faz anos, mas mantém seu casamento por aparências externas, visando manter a imagem para o mundo;
- Um filho que não consegue encontrar um caminho profissional ou pessoal e segue estagnado na frente dos aparatos tecnológicos existentes hoje em dia;
- Uma inquietação que tenho há anos e que não me deixa evoluir e transformar minha própria vida.
Nestas situações, uma atuação consultiva é a única maneira de colaborar com o outro e consigo próprio, na busca de entendimento e caminhos de solução. Para isso, se faz necessário o uso de boas perguntas e o estímulo do autoconhecimento. A responsabilidade pela execução das ações será do diretamente impactado, que tem como desafio transformar e mudar a sua realidade, se assim desejar verdadeiramente.
Diante destas situações, que são familiares e conhecidas, podemos levantar algumas outras perguntas sobre ser consultivo no dia-a-dia: Será que eu consigo detectar oportunidades e necessidades para entrar em cena e desempenhar o papel consultivo? Tenho interesse genuíno no outro para agir de forma imparcial e poder colaborar com o autoconhecimento alheio?
As respostas que você dará a estas perguntas ajudarão a compreender o quanto está atento à prática do perfil consultivo na sua vida. Também conseguirá avaliar quais suas dificuldades e facilidades para enxergar as situações onde pode intervir, como pode atuar e de que maneira contribuir para o desenvolvimento do outro e do entorno.
Se voltarmos ao início deste artigo, veremos que de fato o perfil consultivo não está restrito aos âmbitos profissionais. Esta capacidade deve coexistir em cada ação que realizamos na vida, nos relacionamentos que temos e para promover evolução, colaborando para um mundo mais maduro e pessoas mais conscientes.