Quão autêntico você é no seu ambiente de trabalho?
Essa questão provoca reflexão, principalmente quanto ao sentido da palavra “autenticidade”. Para ajudar na efetividade dessa reflexão, antes de mais nada, buscamos o significado que o dicionário nos apresenta sob várias formas:
Autenticidade: Característica de autêntico, comprovado, verdadeiro por oposição à cópia. Etimologia da palavra autenticidade: a palavra autenticidade deriva da junção de autêntico + do sufixo -idade.
Natureza daquilo que é real ou verdadeiro, genuíno. Em que há pertinência; que possui legitimidade.
Você tem consciência da sua autenticidade?
Como você lida com a impossibilidade de atuar de forma autêntica?
Alguns Sinônimos encontrados para autenticidade incluem: veracidade, verdade, adequado, legítimo, identidade, efetividade, fidedignidade, fidelidade, genuinidade.
São diversos os significados apresentados, sendo que todos trazem algo em comum que tem a ver com a verdade, identidade e legitimidade. É sobre esses aspectos que queremos explorar esse artigo. Pensar sobre quão verdadeiros somos quando atuamos, decidimos, interagimos com os demais. Será que as nossas atitudes e comportamentos são autênticos? São reais, verdadeiros e legítimos? Será que o que “vendemos” para o mundo externo condiz com a nossa Identidade? Ou será que representamos ser alguém no meio em que atuamos, especialmente no trabalho, diferente de quem verdadeiramente somos?
O tema da autenticidade tem a ver com o quão próximo estamos do ser que verdadeiramente somos, dos valores e princípios, bem como das nossas crenças. Se não somos autênticos acabamos entrando no contrário, podendo desencadear: falsidade, ilusão, inverdade e desconexão.
Muitas das doenças atuais que existem na sociedade, de forma geral, estão relacionadas com a falta dessa conexão consigo próprio. Dentro dos ambientes corporativos não é diferente. Muitos profissionais podem padecer de certas doenças mentais e/ou emocionais por haver permitido se desconectar da sua própria essência, dos seus valores e estar vivendo um modelo fantasiado e criado para sobreviver e conviver no meio em que está inserido.
Quando isso ocorre, a pessoa passa a representar certas personagens por meio de atitudes e comportamentos que estão distantes ou não conectados com quem é. Às vezes é uma decisão consciente, no entanto, na maioria delas, ocorre sem que se perceba que está acontecendo. Pode funcionar mais como um recurso, inconsciente, de adaptação para ser aceito, incluído e se sentir parte.
Quando isso acontece, existe um grande risco de dar início aos problemas que são desencadeados pela desconexão com quem somos. Esses problemas podem não ter sintomas e nem consequências no curto prazo, no entanto no médio e longo prazos começam a levantar alertas importantes cujas ações terão que ser imediatas e mais assertivas, evitando potencializar a situação de forma ainda mais complexa
Você tem consciência da sua autenticidade de forma geral?
Logo, é importante se questionar se temos consciência da nossa autenticidade. Ou seja, de quem somos, do que valorizamos, acreditamos, pensamos e sentimos. Somente dessa forma, poderemos estar mais alertas sobre nos manter conectados. Do contrário a tendência é criar as máscaras, colocar as fantasias e começar a atuar para atender:
- Um ambiente que não está em linha com quem sou;
- Um superior/chefe que não tem nenhuma conexão com o que sinto, faço ou acredito;
- Clientes e fornecedores que geram situações pelas quais não existe nenhuma afinidade com o que valorizo e como atuo;
- Uma equipe que não valoriza os espaços para atuar de forma autêntica
É normal que isso aconteça, afinal nem sempre os sistemas organizacionais tendem a estar 100% alinhados aos nossos valores, crenças e princípios. Entretanto, conviver em ambientes onde não é possível exercitar a autenticidade de forma espontânea pelo menos em alguns momentos, levará a um processo de desconexão da nossa essência. E isso trará consequências muito sérias no médio prazo certamente.
É muito comum que o indivíduo não tenha consciência de que existe uma desconexão, ou uma falta de autenticidade. Alguns acreditam que atuam de forma autêntica pelo simples fato de desconhecer quem realmente é.
Mas como podemos identificar quando isso acontece? Em quais situações podemos perceber que existe uma desconexão com a autenticidade?
A primeira e mais importante é o autoconhecimento. Somente por esse canal será possível descobrir quem verdadeiramente somos. É preciso, muitas vezes, silenciar e se desconectar do meio em que está, para poder reativar e “escutar” a verdadeira essência. Esse processo leva tempo e é eterno, porém os resultados são incríveis quanto à conexão que podemos estabelecer com o que gostamos, sentimos, valorizamos, admiramos e realmente somos.
Algumas situações que podemos identificar se estamos ou não conectados, isto é, sendo autênticos, incluem:
- Sentir vergonha ao expor um pensamento ou ideia que parece absurda aos demais;
- Evitar dizer o que sente por medo de impactar o entorno ou por se sentir ridículo;
- Não expressar as crenças e valores porque não serão compreendidos ou aceitos;
- Dizer algo que não acredita porque está sendo obrigado pelo meio/contexto;
- Ir contra uma multidão quando não está em linha com o que faria ou como agiria;
- Dentre outras…
Algumas dessas situações podem acontecer dentro e fora dos ambientes profissionais. Se expandimos para o aspecto pessoal, podemos encontrar outras mais que podem gerar a desconexão e, cuja gravidade poderá ser ainda mais séria no que tange a satisfação, amor próprio e alinhamento interno.
Uma citação de Charles Chaplin pode ilustrar muito bem quando existe conexão e sentimento de resgate da autenticidade.
“Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia e meu sofrimento emocional não são, senão, sinais de que estou indo contra minhas próprias verdades. Hoje sei que isso é AUTENTICIDADE”. Charles Chaplin
De todas essas reflexões, uma ainda relevante dentro do tema da autenticidade se refere ao fato de que como lidar com a falta dela nas situações e ambientes em que vivemos.
Quando pensamos nos sistemas corporativos, é válido refletir de que forma lidar com a ausência ou pouca expressão da AUTENTICIDADE.
Como você lida com a impossibilidade de atuar de forma autêntica?
Por se tratar de uma desconexão que gerará diversos sentimentos não tão agradáveis, é importante avaliar como lidar com a impossibilidade de ser autêntico. Além de identificar que não estamos sendo autêntico, o desafio será perceber o que isso desencadeia internamente para detectar os sentimentos que são aflorados e as reações que emanam de maneira natural.
Uma das ações recomendadas é apenas perceber o que acontece no momento em que me dou conta de que não posso ou não estou sendo autêntico para buscar ações mais adiante. A auto-observação é fundamental nesse processo.
Em seguida, será importante avaliar as causas, isto é, os motivos que me fazem agir ou ser alguém que não realmente quem sou na essência. O principal objetivo nessa fase é detectar o que está oculto e poder buscar ações e mecanismos que visem auxiliar rumo à uma atuação mais autêntica. Se a causa está relacionada com o meio em que estou inserido, será preciso rever a possibilidade de mudança. Caso seja uma falta de conexão mais profunda consigo próprio, é essencial recorrer ao autoconhecimento
A arte de saber lidar com essa desconexão dependerá de cada indivíduo e da sua personalidade. A necessidade de autenticidade pode variar dependendo de cada pessoa, perfil e carácter.
Existem pessoas com uma forte necessidade de expressar sua Identidade (autenticidade) do que outras. Para essas, o fato de poder ser quem é na sua totalidade, independentemente do que determina e pensa o entorno é primordial. Para esses perfis, será necessário encontrar formas, meios e ambientes para poder ser constantemente e frequentemente autêntico.
Já nos casos de pessoas cuja autenticidade não é algo tão relevante, o incômodo poderá ser menor e a adaptação um caminho mais fácil e aceitável. Esses perfis talvez não “sofram” com o fato de não poder expressar sua autenticidade com tanta intensidade nos ambientes que frequenta e nas relações que estabelece.
Entretanto, a impossibilidade de exercer a autenticidade para qualquer perfil deverá desencadear uma desconexão com sua própria Identidade e verdade. Logo, em algum momento, num grau maior ou menor, virá uma cobrança ou um incômodo que poderá culminar em sintomas cujas causas deverão ser analisadas, tratadas e resgatadas.
Afinal, viver sem poder expressar o que sente e pensa ou agir desconectado com o que acredita e valoriza pode resultar numa vida de angústia ou de loucura. Algo que não se deseja a nenhum indivíduo que merece ter uma vida plena e prazerosa, especialmente quando se trata do exercício do seu ofício e dos ambientes que o desempenha diariamente.
Pense sobre quão autêntico você é nas pequenas situações do seu trabalho. Olhe para dentro e avalie se consegue agir livremente, expressando o que pensa, sente e acredita. Ou se tende sempre a evitar ser quem é. Essa observação pode ajudar a encontrar mais felicidade, paz e harmonia com você mesmo!