Como seres humanos estamos sempre em busca de algo para nos satisfazer e que nos faça sentir bem de alguma forma.
A felicidade consta na lista dos principais tópicos da busca constante da maioria das pessoas. Afinal, quem não gosta de se sentir alegre, contente e feliz. Diante dessa busca constante, a questão que levantamos nesse artigo visa provocar uma reflexão sobre a verdadeira busca interior como seres humanos, já que a felicidade é uma emoção ou um sentimento que oscila e muda a cada dia, minuto ou segundo. A felicidade é um estado que nos encontramos em determinado momento ou período e, por isso, não é perene. A definição fornecida pelo dicionário retrata esse estado:
- qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar.
Você está consciente do que gera sua felicidade?
Quais são os mecanismos que você adota para cultivar e desenvolver sua paz interior?
O que você está buscando na vida: A felicidade ou a paz interior?
Pensar sobre as nossas buscas pode nos ajudar a avaliar o que nos traz verdadeira satisfação e plenitude. Sendo a felicidade um estado momentâneo, enfrentaremos momentos em que, na ausência dela, nos sentiremos tristes, depressivos, angustiados, com raiva e insatisfeitos. Claro que isso é parte da jornada da vida: altos e baixos, subidas e descidas, curvas e vias retas. Não podemos estar felizes 24 horas por dia e nem 365 dias ao ano porque eventos acontecem, mudanças nos afetam e humores são alterados.
No entanto, o mais relevante dessa busca é estar consciente dos aspectos envolvidos no processo. Algumas questões que podem nos ajudar: O que significa felicidade para mim? O que verdadeiramente desejo por trás da conquista da felicidade? Quando me sinto feliz, como descreveria esse estado? O propósito de ativar esse nível de consciência é estar atento ao desejo e ao resultado posterior à conquista. Compreender o que verdadeiramente entendemos por felicidade e as razões pelas quais desejamos nos encontrar nesse estado poderá também desvendar muito da nossa individualidade e personalidade.
Além disso, podemos começar a compreender quando esta busca está em equilíbrio ou desbalanceada. O desequilíbrio é notado quando a pessoa está constantemente em busca de ser feliz, evitando demais estados emocionais ou aparentando ao mundo que está está diariamente feliz. O que não é algo natural, já que existem outras emoções que permeiam a nossa existência, e que também precisam aflorar e ser vivenciadas.
O exagero da felicidade ou o desequilíbrio dela é um sinal de que a busca está equivocada ou que a sensação de estar feliz não está preenchendo as necessidades da pessoa. Muitas vezes, quando isso ocorre, a busca se converte numa obsessão ou vício, podendo desencadear em frustrações e ansiedade. O estado de ser feliz deveria estar associado a tranquilidade e leveza, não a euforia e aceleração.
Embora a felicidade seja um estado agradável e satisfatório, nem sempre garante plenitude e completude. Por isso, é importante refletir sobre o que verdadeiramente gera felicidade e o que isso significa, ao invés de estar em excessivas buscas, o que torna o processo ansioso, angustiante e estressante.
Você é consciente do que gera sua felicidade?
Uma boa pausa para sentir o significado da emoção “felicidade” nos ajuda a identificar as sensações que são despertadas, as necessidades que são preenchidas e os gatilhos que nos proporcionam esse estado.
Compreender o que nos proporciona o estado de felicidade é um instrumento poderoso para evitar que sejamos traídos quanto à busca. Para cada pessoa este estado pode representar diferentes sensações e sentimentos. Os gatilhos também são diversos, dependendo de cada um. A beleza está em reconhecer quando se sente feliz e se isso gera prazer e bem-estar.
Para algumas pessoas, receber familiares significa estar no estado de felicidade, enquanto para outros estar sozinho poderá propiciar esse estado. Conseguir cumprir com uma tarefa pode trazer a sensação de felicidade para algumas pessoas. Para outras será a carícia do companheiro. Embora os gatilhos possam ser diversos, a sensação deveria estar orientada ao bem-estar e prazer.
Talvez, para algumas pessoas seja mais difícil identificar esse estado, seja porque não existe a consciência, ou porque se mistura com outras sensações e emoções que são ativadas. Quando o estado de felicidade é acionado por um fator externo, o que é muito comum, o mesmo estará cumprindo a missão de preencher algo que internamente está faltando.
Quando acionado por gatilhos externos, as necessidades internas são ativadas ou preenchidas, podendo se manifestar num estado de felicidade. Poder reconhecer esse estado e esses gatilhos, nos permite ser mais capazes de aproveitar ao máximo essa sensação nas nossas vidas.
Entretanto, a inexistência da felicidade pode dar espaço a outros sentimentos e emoções menos agradáveis e mais conflitantes, tais como: vazio, depressão, tristeza, saudade, angústia, solidão, depressão, dentre outras.
É nesse momento que entra a questão inicial desse artigo. Se é mais vantajoso e valioso buscar pela felicidade ou pela paz interior, pois essa última pode nos trazer conforto mesmo nos momentos difíceis ou quando a felicidade, muitas vezes, não está presente.
Do ponto de vista do desenvolvimento humano, a busca pela paz interior deveria gerar mais bem-estar e tranquilidade e também servir como alicerce no processo da busca pela felicidade. Além disso, a paz interior pode se converter num estado contínuo e não apenas num sentimento momentâneo, pois é gerada, desenvolvida e nutrida sem a necessidade dos fatores externos. A paz interior é uma busca individual que independe de qualquer elemento do entorno. Consiste num estado que pode ser desenvolvido e mantido por meio de práticas e exercícios diários, definidos e selecionados por cada indivíduo conforme sua preferência.
Quando não estamos no estado de felicidade, por qualquer motivo, a paz interior é o melhor remédio ou solução. Ela nos ajuda a ter a tranquilidade para compreender a ausência das emoções positivas, nos guia para buscar harmonia em como lidar com a da falta dos gatilhos e atua como uma ponte acolhedora entre a mente e as emoções.
Quais são os seus mecanismos para cultivar e desenvolver a paz interior?
Mas como buscamos ou desenvolvemos essa paz interna? Será que da mesma forma ou com os mesmos gatilhos que nos propiciam o estado de felicidade?
Uma definição referente à paz interior ou paz mental, se é que podemos trazer uma, se refere ao estado de estar mentalmente ou espiritualmente em paz, com conhecimento e entendimento para enfrentar desacordos ou estresse.
Quando nos encontramos nesse estado, a tendência é que a ansiedade e o medo diminuam, abrindo espaço para a autoconfiança e tranquilidade que permitirá maior liberdade de pensamento e ação com potencial aumento da capacidade de ser feliz.
Talvez estar no estado de paz interior minimize a necessidade da busca excessiva. Isso não significa que não devemos ser felizes, mas quer dizer que o mais valioso seja encontrar um estado que possibilite lidar melhor com as diversas emoções que surgem e com a ausências dos gatilhos externos, já que nem sempre eles estarão disponíveis.
Pode ser que a paz interior seja o caminho mais vantajoso, pois trará maior plenitude e completude para o nosso desenvolvimento humano, assim como mais autoconhecimento.
Diante dessa hipótese, talvez seja relevante pensar sobre a minha disposição e recursos para potencializar e nutrir minha paz interna, bem como avaliar quais os mecanismos que me permitem ativar e manter a paz interior. Sabemos que existem vários e não é a finalidade desse artigo discorrer sobre eles, mas fazer com que você possa identificá-los e inclui-los na sua rotina para expandir ainda mais sua paz interna.
O que você está buscando: a Felicidade ou a paz interior?
Para finalizar as provocações reflexivas que permearam esse artigo, deixamos mais uma para você refletir sobre o momento atual: Nesse momento da sua vida, o que você busca com maior frequência: A felicidade ou a paz interior?
Considere profundamente a resposta que surgirá para verificar se é a busca pela felicidade. Se for, faça o exercício de compreender o que isso significa para você e quais são os gatilhos que te fazem sentir feliz. Além disso, é relevante identificar se essa sensação de felicidade vem para preencher uma necessidade interna que está “carente” ou vazia ou se, de fato, é uma emoção plena.
E se a busca for pela paz interna, seria válido considerar como e quando você consegue estar nesse estado para potencializar os mecanismos que são usados, visando nutrir ainda mais sua paz interior para se manter cada vez mais centrado, feliz e em harmonia.